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O Brasil atravessa um momento de transformação no setor da saúde, mas os desafios da gestão em saúde permanecem como obstáculos que exigem profissionais qualificados e estratégias estruturadas para serem superados.
Para abordar esse cenário, conversamos com Alceu Alves da Silva, coordenador do curso Estratégia e Gestão de Negócios em Saúde da FDC Pós Online.
Com cinco décadas de experiência no setor, Silva já dirigiu hospitais em Porto Alegre, atuou como assessor no Ministério da Saúde e hoje ocupa a vice-presidência da MV, a maior empresa de tecnologia de informações do Brasil e da América Latina.
Conheça os principais desafios da gestão em saúde apontados por Silva a seguir.
Alceu Alves da Silva: Hoje somos infinitamente melhores do que éramos na década de 1970. Especialmente nos últimos 15 anos, a gestão hospitalar e de serviços de saúde no Brasil cresceu muito. Isso não significa que não tenhamos problemas, mas a existência deles não pode tirar o mérito do crescimento que tivemos.
Um dos fatores fundamentais foi a formação de pessoas qualificadas para o enfrentamento dos desafios, comprometidas com a área da saúde, que é nosso propósito na Fundação Dom Cabral . Por outro lado, ainda temos espaços enormes de crescimento. Precisamos melhorar na formação de lideranças, especialmente na área clínica.
Sabemos hoje a importância de ter uma gestão eficiente de um bloco cirúrgico, de uma UTI, de um centro obstétrico, de uma área de imagem, de laboratório, de endoscopia, de hemodinâmica. Profissionais especializados neste tipo de gestão dessas áreas são fundamentais, mas falhamos historicamente em formar esses profissionais.
Silva: Baseando-me em trabalhos da Mackenzie, da Price e da Bain Company, o primeiro gap é a integração e eficiência operacional dos processos. Precisamos evoluir na construção de processos mais seguros, tanto assistenciais quanto de gestão. Temos muita fragmentação, processos que não conversam entre si dentro da própria instituição.
A questão do desperdício é crítica: cerca de 30% do custo na área de saúde se refere a desperdícios. Poderíamos ter um ganho de eficiência extremamente importante. A jornada do paciente é outro processo fundamental que envolve a essência do que fazemos: atender as pessoas com qualidade e segurança.
O setor privado foi muito influenciado por três fatores: a verticalização, a formação de redes que traz conceitos de escala e relacionamento com médicos, e a presença do capital estrangeiro. Ao contrário do que muitos esperavam, esse capital não trouxe apenas uma visão financeira, mas conceitos assistenciais importantes, melhorando padrões e trazendo protocolos e indicadores de segurança.
Silva: Precisamos avançar nos modelos de remuneração. A saúde precisa ter um modelo onde quem trabalha melhor, tem performance superior e entrega mais valor aos pacientes seja remunerado pelo desempenho, não o contrário. Infelizmente, ainda uma parte grande do sistema trabalha com o conceito equivocado de pagar pela prestação de serviço, independentemente da qualidade.
A questão das redes também é problemática. Temos redes hospitalares que não se conversam, não comparam desempenhos, não compram em conjunto. Precisamos avançar no conceito de medicina preventiva. Hoje se fala muito, mas proporcionalmente não temos as ações necessárias. Enquanto o centro econômico for a doença e os hospitais que tratam doenças, a medicina preventiva ganha em conceito, mas perde em aplicabilidade porque não tem o mesmo atrativo econômico.
Silva: O setor público sofre em um gradiente maior de todos esses problemas e ainda agrega a presença forte das questões políticas. Muitas vezes colocam na gestão de hospitais parceiros partidários que não têm formação, conhecimento ou experiência em gestão.
Quando estava no Ministério da Saúde, escrevi um trabalho propondo que tivéssemos uma carreira de gestores de saúde em nível público, em que nenhum cargo pudesse ser ocupado por alguém que não tivesse cumprido essa carreira. Do ponto de vista partidário, haveria liberdade total, mas seria necessário ter formação para fazer gestão.
Há uma discussão antiga sobre uma participação pública que envolve toda a cadeia — legislativa, executiva, financiando, auditando, executando serviços de saúde. Talvez o Ministério da Saúde pudesse ter um papel maior de avaliação da qualidade dos serviços prestados à população e dos custos praticados. Uma política de parceria público-privada poderia dar maior acesso à população e mais qualidade na assistência.
Silva: A tecnologia precisa ser entendida como uma ferramenta fundamental, inovadora e transformadora. Não acredito na evolução de serviços de saúde sem tecnologia. As instituições precisam entender que tecnologia não é custo - é preciso fazer investimentos em sistemas, em interoperabilidade, na qualificação das pessoas.
Mas imaginar que a tecnologia vai resolver todos os problemas é uma visão de panaceia que não vai acontecer. Por quê? Porque temos problemas estruturais e de governança que estão fora da questão tecnológica. Tecnologia é meio, não fim.
Temos problemas estruturais de governança, subfinanciamento... É difícil trabalhar num sistema com o nível de subfinanciamento que temos. A qualificação profissional é outro ponto: precisamos de um movimento nacional de formação de recursos humanos técnicos qualificados em todos os segmentos.
Silva: Em 2024, apenas 23% dos médicos foram treinados para atuar com tecnologia em suas instituições. Estamos investindo muito em tecnologia e pouco na formação de profissionais que saibam trabalhar com ela. É um problema sério.
O telessaúde, por exemplo, permite teleconsultoria, telediagnósticos e outras ações. É um sistema público de acesso gratuito, mas pouca gente usa porque não conhece, não foi preparado. É como ter um celular com 100 funções e conhecer apenas cinco. Qual o percentual de tecnologia que aproveitamos?
Nosso setor precisa ser provocado porque ainda tem uma postura clássica de dizer "não, mas aqui na saúde é diferente". É diferente mesmo, mas exatamente por isso precisamos ser mais competentes, mais abertos à novidade e inovação, sempre visando a trazer mais benefícios para a população.
Silva: O papel do gestor é total. Ele precisa estabelecer isso como estratégia da instituição. Quando defino que a estratégia é colocar o paciente no centro e quero conversar com ele desde sua casa até chegar ao hospital e depois da alta, temos tecnologias para fazer isso. Existem condições, desde que nossos gestores estejam comprometidos.
Vejo hospitais que fazem trabalhos maravilhosos, salvam vidas, mas depois não conseguem nem cobrar direito. Hospital com três ou quatro faturamentos de contas a receber destrói seu próprio valor. Por que isso acontece? Por falta de determinação das lideranças.
Temos avanços em infraestrutura digital: computadores, internet, prontuários eletrônicos, aplicativos que nos ajudam na gestão. No entanto, investimos pouco na capacitação dos profissionais que precisam usar essas ferramentas. Quando as pessoas não dominam isso, deixam uma lacuna importante na aplicação das tecnologias.
Silva: Promover a alfabetização digital é um dos maiores desafios na área de tecnologia. Preciso ter cuidado porque falar de tecnologia aparentemente dá mais ibope do que a alfabetização digital.
O papel do gestor não tem nada de milagroso que se faça de uma hora para outra, mas é uma questão conceitual. Precisamos ter um conceito digital dentro das instituições, fazer as pessoas entenderem que é assim que vão trabalhar e ser treinadas.
Precisamos de um processo de formação contínua e estruturada sobre a tecnologia que está sendo trabalhada. Precisamos de uma política de inclusão digital, não como curso eventual, mas como política institucional. Devemos desenvolver internamente ferramentas intuitivas e amigáveis para que as pessoas recebam respostas no sistema. Quando não tiverem essas respostas, precisamos ter níveis de suporte acessíveis e resolutivos.
Silva: Quero lembrar de uma música que Dani Black canta com Milton Nascimento: "Eu sou maior do que eu era antes. Estou melhor do que era ontem. Eu sou filho do mistério e do silêncio somente o tempo vai me revelar quem sou".
Precisamos acreditar que a partir da formação, da qualificação, do domínio maior dos processos e do conhecimento, vamos ser maiores do que éramos ontem, melhores do que éramos antes. O tempo vai nos revelar realmente quem somos, porque quem somos vai depender fundamentalmente do quanto investimos em nós mesmos e o quanto acreditamos que investir em nós mesmos é capaz de transformar um segmento tão necessário como o da saúde no nosso país.
Entre os maiores desafios estão:
A gestão hospitalar enfrenta obstáculos como:
Grande parte do setor ainda remunera pela prestação de serviços, sem considerar qualidade e valor entregue ao paciente. Isso cria distorções, pois profissionais e instituições que oferecem melhores resultados não são recompensados proporcionalmente.
A tecnologia contribui para:
No entanto, ela deve ser entendida como meio, e não como solução única. É preciso combinar tecnologia com governança, qualificação profissional e cultura de inovação.
A alfabetização digital é essencial para que equipes utilizem de forma plena ferramentas como prontuários eletrônicos, teleconsultas e sistemas de gestão. Sem preparo adequado, investimentos em tecnologia podem ser subutilizados, limitando os ganhos de eficiência.
Na saúde pública, os desafios mais recorrentes incluem o subfinanciamento crônico, a falta de integração entre diferentes níveis de atendimento e a influência política na gestão de hospitais e unidades de saúde. Além disso, há carência de profissionais qualificados em gestão, filas de espera extensas, dificuldade em implementar a medicina preventiva e baixa eficiência no uso dos recursos disponíveis.
Uma gestão eficiente em saúde exige:
*Este conteúdo foi produzido com o apoio de IA.
Por Olivia Baldissera
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